Mentira e preconceito: Os péssimos exemplos dos médicos cearenses

Depois de xingar os colegas cubanos quando de sua chegada ao Brasil, os médicos cearenses agora deram para espancar a verdade. Entraram numa campanha terrorista para tentar conter o giro da roda — ou a discussão da descriminalização da maconha. E botaram na praça esses cartazes com sofismas assustadores, inteiramente falsos, para aterrorizar os menos informados e reavivar preconceitos medievais.

medicosmaconha
Hoje, espacando a verdade.

Pobres dos que dependem desses profissionais. Saiba você que eles desprezam princípios ativos que poderiam mitigar o sofrimento de pacientes em quimioterapia, aliviar as dores de quem tem fibromialgia, controlar convulsões epiléticas, devolver o apetite aos portadores do HIV, conter o avanço da esclerose lateral amiotrófica.

xingacubanos
… Ontem, espancando os colegas cubanos.

Adotando-se a lógica deles, poder-se-ia supor que os médicos que assinam esse lixo publicitário operam seus pacientes bêbados, visto que o álcool é liberado no Brasil e “é normal” isso acontecer.  Como se pode perceber, um completo absurdo.
Vão cuidar da saúde dos seus pacientes, médicos cearenses. E se quiserem participar do debate, não venham com mentiras e descalabros retóricos como esse. Usem a ciência, e não os sofismas. Embora cada dia mais raros, vocês ainda vão encontrar argumentos em algumas  pesquisas acadêmicas para reforçar a sua posição jurássica.

ANVISA divulga regras para importação de remédios à base de maconha

Não será necessário sequer publicar uma portaria para que a importação de medicamentos feitos com base na cannabis passem a ser ingressar legalmente o território brasileiro. A ANVISA se limitou a publicar uma nota em seu site explicando como devem proceder os pacientes interessados em obter esse tipo de droga. A nota pode ser lida no site da agência. Para acessá-la, basta clicar aqui.

sativex

De acordo com a agência,  só será autorizada a importação de medicamentos que, a despeito de não terem sido registrados no Brasil, “estão devidamente registrados em seus países de origem ou ainda em outros países”. A assessoria de imprensa da ANVISA esclarece que a autorização não vale para a maconha in natura, apenas para medicamentos elaborados com óleos essenciais dessa planta.

Uma fonte da agência reguladora disse ao Acta Diurna que, na prática, só será possível importar o medicamento Sativex, patenteado pelo laboratório GW Pharmaceuticals.A medicação tem sido empregada com segurança e efetividade para combater formas raras de epilepsia imunes a fármacos convencionais, mitigar o mal-estar de pessoas que enfrentam a quimioterapia, portadores de glaucoma e esclerose múltipla. 

Os interessados deverão se dirigir a um dos escritórios da ANVISA e protocolar um “pedido excepcional de importação para uso pessoal”. Todos os pedidos devem estar justificados por uma prescrição médica e serão analisados por técnicos da agência. Polícia Federal e Receita Federal também serão comunicadas. De acordo com a assessoria de imprensa, a análise é rápida e se completará num intervalo de tempo menor do que o do transporte da medicação entre o país de origem e o destino final no Brasil. Uma vez aprovado o pedido, a Receita providenciará um regime de prioridade para os trâmites alfandegários.

A ANVISA também informou que todos os procedimentos estão previstos na lei 11.343, que tipifica os crimes relacionados ao porte e ao tráfico de substâncias entorpecentes. Apesar disso, segundo a agência, nunca houve um pedido formal sequer de importação desse tipo de medicamento. 

 

 

ANVISA vai autorizar prescrição e uso de maconha medicinal no Brasil

A ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vai finalmente permitir o uso de medicamentos derivados na maconha no Brasil. A decisão foi anunciada ontem aos pais e advogados da paciente Anny Fischer, de quatro anos de idade, que utiliza o cannabidiol (CBD), um dos 60 canabinóides contidos na maconha, para controlar uma forma rara de epilepsia que provocava mais de 60 convulsões semanais.

reuniaoanvisa

“A Anvisa elaborou um protocolo novo que irá regulamentar a importação do medicamento [CBD], nos casos específicos e bem fundamentados como o da família Fischer”, contou em seu perfil no Facebook o advogado Diogo Busse, que representou a família de Anny no pleito judicial histórico que terminou por obrigar a ANVISA a autorizar a importação do medicamento.

A agência, segundo o advogado, decidiu ir  além: “irá oficiar o Conselho Federal de Medicina com a nova orientação para que os médicos possam prescrever o medicamento sem receio”. Ou seja: na prática, os médicos ficarão livres para receitar produtos derivados da maconha para pacientes que deles necessitem. 

“Percebemos que com essa medida que visava tutelar o bem mais precioso dessa família, a vida da Anny, conseguimos também sensibilizar a agência reguladora do nosso país para que muitas outras famílias possam se beneficiar dos avanços da ciência!”, comemorou Diogo Busse.

Conheça Pepe Mujica, o homem que liberou maconha no Uruguai

Sexta e última reportagem da série O Avanço da Maconha. A matéria mostra um perfil do presidente José (Pepe) Mujica, o homem que regulou o consumo e a venda da maconha e transformou o Uruguai no primeiro país do planeta a ter a maconha liberada em todo o seu território. Exibida no Jornal da Band de 12/4/2014.

Maconha: a luta pela legalização no Brasil

No quinto e penúltimo episódio da série O Avanço da Maconha, o Jornal da Band mostra como se processa a luta dos que pretendem ver a maconha legalizada e descriminalizada no Brasil. As marchas da maconha, a força do tráfico e a opinião de especialistas favoráveis e contrários à flexibilização das leis que impedem o uso da cannabis.

www.youtube.com/watch?v=G9Qlzn7i0Hs

A luta dos pacientes pelos medicamentos de maconha

Pacientes brasileiros de esclerose múltipla, formas graves de epilepsia, portadores de câncer em quimioterapia, de glaucoma e pessoas que sofrem de dores miálgicas  travam uma luta contra o preconceito secular para ter acesso a medicamentos produzidos a partir da cannabis que já são utilizados em praticamente todo o mundo.

Tratamentos com derivados da maconha, especialmente o cannabidiol (CBD), têm demonstrado inequívoca eficiência no controle dessas doenças e na mitigação de sintomas como as dores de origem nervosa. Apesar disso, apenas uma paciente brasileira, uma criança chamada Anny, de Brasília, conseguiu até agora obter autorização judicial para usar legalmente o CBD. De acordo com a família de Anny, a administração da droga reduziu de 60 para zero o número de convulsões que a criança sofria.

A reportagem exibida nesta terça-feira pelo Jornal da Band coloca em discussão a proibição que ainda impede os brasileiros de fazer uso dos benefícios dessa planta, que permanece classificada pela ANVISA como droga deletéria, comparável à heroína, e sem interesse científico — o que, na prática, impossibilita ou dificulta ao máximo as pesquisas médico-farmacológicas dos canabinóides.

DhaliaNesse capítulo da série você vai conhecer a luta de Dhalia, 3 anos (foto à esquerda), para vencer um tumor cerebral. Para conseguir fazer o tratamento, a família se mudou de Tampa, na Flórida, para Peyton, a 150 de Denver, no Colorado. E vários outros personagens brasileiros que, para fazer seus tratamentos, precisam ir às biqueiras e bocas-de-fumo para comprar a erva de traficantes.

Depois de assistir, por favor, deixe registrada a sua opinião na área de comentários do blog. 

Maconha: por que ainda é proibida ?

O Jornal da Band está veiculando, desde ontem, uma série de reportagens sobre a maconha que eu e o Victor Santos produzimos nos últimos dois meses. Sem nenhuma modéstia, quero recomendar a você que assista a esse material. Nunca a TV brasileira discutiu o problema com tanta profundidade.

Para dar cabo da tarefa, estive duas vezes no Uruguai e uma no Colorado, EUA. Fui conhecer pessoalmente os lugares em que a erva foi liberada. E fui atrás das consequências da regulação e descriminalização. Ao final, pude constatar quanto o preconceito, a desinformação e as mentiras sistemáticas  podem fazer pela demonização de algo que pode ser efetivamente bom para a própria humanidade, desde que utilizado da maneira correta.

O primeiro capítulo trata da história da proibição, mostra como a legislação (elaborada em 2006) está carregada de ranços raciais. Para assistí-lo, basta clicar sobre o video acima. Agradeço se você deixar a sua opinião sobre o problema aí na área de comentários da página.

Sem orçamento, Uruguai pode ter que adiar liberação da maconha

Depois de surpreender o mundo com sua nova política de drogas, o Uruguai pode provocar uma frustração planetária ao ter que atrasar a regulamentação da lei que liberou a maconha por falta de previsão orçamentária. Isso obrigaria o governo Mujica a adiar os planos de iniciar logo o cultivo e a comercialização, que devem ser precedidos de autorizações para o plantio e do cadastramento de comerciantes e usuários em pelo menos um ano.

uruguai_cannabis2

O problema aconteceu porque o governo não enviou ao Congresso uruguaio uma previsão dos gastos que serão necessários para a contratação de pessoal e a criação de um instituto que ficará responsável pelo cadastramento dos usuários e cultivadores, pela produção da erva e pelo registro das farmácias onde será possível comprar a maconha oficial.

Assim como o Brasil, o Uruguai adota mecanismos restritivos de controle de gastos em anos eleitorais, caso deste 2014. Esses mecanismos impedem o governo de realizar despesas e contratar servidores sem que haja previsão no orçamento. Como a lei 19.172 foi aprovada em dezembro do ano passado, não houve tempo para prever, no orçamento de 2014, o dinheiro necessário para a criação do IRCCA (Instituto de Regulación y Control de Cannabis), peça-chave da nova política. 

“Aqui no Uruguai existem centenas de leis que simplesmente não são implementadas pela mesma razão, a falta de racionalidade”, diz o deputado Jorge Gandini, do Partido Nacional, que faz oposição ao governo Mujica e também à nova política de drogas. 

Gandini explica que, para que a lei passe a vigorar, o governo precisa apenas baixar alguns decretos determinando as providências que entende necessária para fazer a engrenagem funcionar. “Mas tudo deve ser feito de acordo com a Constituição, que impede a contratação de gastos sem previsão orçamentária”, comemora o opositor, que vê na nova lei de drogas um risco para a segurança. 

A própria lei estabelece um prazo fatal para a regulamentação: 2 de Abril próximo. “Não sabemos que providências o Presidente vai tomar, está tudo muito obscuro”, diz Gandini.