Falha tentativa de nomear para tribunal esposa do maior ficha-suja brasileiro

O estado de Mato Grosso está livre, ao menos por enquanto, da vergonha de ter entre os conselheiros do Tribunal de Contas local Janete Riva, mulher do maior ficha-suja brasileiro, o multiprocessado José Geraldo Riva. Segundo o Ministério Público, Riva et caterva desviaram meio bilhão de reais dos cofres da Assembleia Legislativa mato-grossense.

riva

José Geraldo Riva já sofreu todo tipo de vergonha em sua tentativa de se manter no poder em Mato Grosso. Ele começou sua carreira política no alvorecer dos anos 80. Foi quando passou da condição de pé-rapado do Nortão a multimilionário, dono de uma  fortuna incalculável amealhada, de acordo com o MP, com desvios seguidos de dinheiro. Para tanto, associou-se como gente do quilate do “Comendador” Arcanjo, bicheiro e dono de uma rede de cassinos que atualmente se encontra recolhido ao presídio de segurança máxima de Campo Grande, MS.

Riva foi condenado em várias ações de improbidade admnistrativa e responde a duas centenas de processos por todo tipo de crimo do colarinho branco. Tornou-se inelegível durante a última campanha, quando pretendia disputar o governo do estado pelo PSD, partido que controla. Riva ainda tentou transformar sua mulher Janete em candidata-laranja durante o processo eleitoral, mas não conseguiu.

Diante da saída iminente do Poder, o deputado estadual tentou outra jogada com o mesmo fim e igualmente usando a mulher como laranja. Conseguiu de seus pares a indicação de Janete para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. A vaga era ocupada qntes por Humberto Bosaipo, sócio de Riva no negócio da corrupção. Mas a tramoia foi barrada duas vezes pelo Poder Judiciário.

Cabe destaque para a atuação do desembargador Orlando Perri, atual presidente do TJ-MT. Foi ele quem sepultou definitivamente a manobra ao impedir que a Assembleia Legislativa sabatinasse a mulher do ficha-suja na tarde desta sexta-feira, no apagar das luzes da atual legislatura.

Pelo fim do PT

O PT já foi um partido importante para o avanço das instituições brasileiras. Oxigenou o cenário político nos anos 80 e 90 e abriu espaço para o surgimento de promessas como José Genoíno, José Dirceu e o próprio Lula. O malogro só viria em meados da primeira década do século presente.

Cueca

Hoje, no entanto, a legenda guarda muito pouca semelhança com os anos de idealismo que antecederam sua chegada ao Poder. A antiga cúpula está cumprindo pena por corrupção e outros crimes gravíssimos. As promessas desaguaram numa gigantesca frustração. Quem te viu, quem te vê. Foi contra isso que se levantou a população brasileira em junho de 2013.

Desde que passou a galgar postos na administração pública e a amealhar poder, o PT tem atuado como uma gigantesca máquina organizadora da corrupção. Logo nas primeiras denúncias apareceram indícios de que o falso-moralismo é gêmeo da violência. Celso Daniel pagou com a vida o atrevimento de se interpor entre os primeiros ladrões a serviço do partido e o butim. Toninho do PT foi pelo mesmo caminho. Testemunhas do primeiro caso morreram às pencas.

O PT tinha muito o que aprender com o escândalo do Mensalão. Não aprendeu nada. Enquanto seus dirigentes baixavam o xilindró, uma outra ala de bandidos cuidava de assaltar a Petrobras. E nas barbas do Palácio do Planalto, cuja acuidade visual é capaz de enxergar conspirações em tudo, menos onde o que está sendo fraudado é o dinheiro do contribuinte.

A máquina de corromper do PT é impressionantemente grande e coesa. Apenas terceirizadores da tunga, como os estafetas da Petrobras, desafiam a omertá partidária e contam os segredos de alcova engendrados em benefício das “causas” da agremiação.

O dinheirismo petista é tão desbragado que está pondo a perder aquela que já foi a maior empresa petrolífera do planeta. Mas o pior está ainda por vir. Para preservar as fontes espúrias de arrecadação, a cleptocracia engendrada pelos dirigentes comprometidos com a corrupção ameaça um bem ainda maior: a liberdade de expressão, que está na base da nossa jovem democracia. Tudo o que os gatunos petistas não querem é ver seus nomes relacionados com a roubalheira-meio-de-vida dessa agremiação.

Na Itália da Operação Mãos Limpas não foi diferente. O que o Ministério Público, a polícia e o Judiciário desvendaram foi uma estrutura partidária tão comprometida pela cultura da tunga que não se prestava mais para o cenário institucional. E por isso foi integralmente desfeita.

Os petistas não gostam de ouvir isso. Mas passou da hora de  começar a falar seriamente sobre a extinção desse partido. As metástases da corrupção já tomaram há muito todo o organismo, e não existe solução alopática para uma cultura que o tempo e a impunidade cuidaram de cronificar.

Dentro de uma nova estrutura, menos acostumada ao crime e ao atalho, talvez o petismo invente uma forma de se livrar da compulsão pela pilhagem. Os adversários dessa ideia dizem que a Itália não serve como paradigma de moralização da política porque a descontaminação da Operação Mãos Limpas pariu o monstro Berlusconi. E é verdade.

Talvez no Brasil os ecos do nosso status moral atual reabilitem um Collor, um Maluf. É um bom risco a correr. Talvez não. Certo, mesmo, é o que escreveu Augusto de Anjos em seus Versos Íntimos, com os quais encerro este post:

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Eis a explicação: Petismo e malufismo, tudo a ver

A cúpula do PT encomendou uma pesquisa para saber a razão da rejeição à legenda, especialmente no estado de São Paulo. Os dirigentes da agremiação não conseguem entender por que a população mais escolarizada, melhor posicionada no espectro social e mais bem-informada do País rejeita o partido — que, aliás, nasceu em São Paulo, no ABC dos anos 80, embalado pela nata da intelectualidade brasileira.

petismomalufismo

Não era preciso gastar dinheiro com rodadas intermináveis de qualis e pesquisas quantitativas. Os paulistas rejeitam o PT justamente porque têm melhor capacidade de entender a realidade que os cerca e estão mais bem informados do que o eleitor dos grotões. Nesse ambiente, a rejeição ao petismo pode ser entendida como um fenômeno análogo ao da rejeição ao malufismo.

Nos anos 80, quando o PT estava na manjedoura, chamar alguém de malufista era o mesmo que chamar de ladrão. Lembro-me de uma passagem que eu mesmo protagonizei no início da minha atuação como repórter. O então presidente Figueiredo vinha a São Paulo toda quinta-feira para tratar a coluna vertebral com um japonês que se estabelecera no bairro do Paraíso, o ‘Doutor Nishimura’ que, ao que me recordo, não era médico nem nada. E esculhambou com a lordose presidencial.

Formava-se um corredor polonês de repórteres e cinegrafistas em frente à clínica e, sempre que Figueiredo entrava ou saía, lançávamos perguntas ao vento para ver se ele respondia ou não. Eu, ainda um moleque, aos 20 anos de idade, era bem atrevido. Perguntei-lhe porque ele não gostava de ser qualificado como malufista. Foi pura provocação.

Figueiredo deu uma resposta atravessada: “Você fala de adjetivo, eu vou te falar de um verbo. Verbo regular chatear. Tem repórter que chateia, chateia, chateia…”, vociferou, enquanto seguia para as mãos destroçadoras de colunas vertebrais do japonês do bairro do Paraíso.

Era antevéspera da eleição pelo colégio eleitoral. Maluf tinha dificuldade em consolidar sua candidatura no PDS justamente por causa de seu péssimo conceito. Assim como os petistas de hoje, sua volúpia pelo dinheiro público terminou por estigmatizá-lo. Ninguém queria aparecer na foto com Maluf, situação que iria mudar só três décadas depois, quando os petistas passaram a cortejar o velho político paulistano a cada pleito.

Malufismo e  petismo têm muito a ver um com o outro. Além de caminharem juntos pleito após pleito, não dão sorte com a justiça. O PT, com a brasileira; Maluf, com a estrangeira. Ambos têm ódio da imprensa e da Polícia Federal. E também é preciso dizer que, em relação à estratégia de dissimulação de sua atividade criminosa, Maluf foi bem mais competente do que o PT. Tanto que até hoje zomba do Judiciário, que ainda não conseguiu trancafiá-lo numa penitenciária, como ocorreu com a cúpula do Partido dos Trabalhadores.

Se há algo que pode diferenciá-los é a escala. Perto do que fez o PT, as tungas de Maluf parecem coisa de trombadinha. Não há comparação possível  entre o que foi furtado pelo malufismo e o butim amealhado pelos esquemas cleptomaníacos dos petistas. Aí estão o Mensalão e o Petrolão para prová-lo.

E há uma última dessemelhança importante. O malufismo se circunscrevia a um homem com objetivos imediatos.

A despeito do messianismo de seu líder máximo, o petismo não tem caráter pessoal; é movido por um grupo coeso que tem como perspectiva a eternidade.

Ampliar o foco e acabar com os partidos. É só o que resta a Dilma fazer.

A presidente Dilma Rousseff diz e repete desde sempre que seu governo patrocina a descoberta dos escândalos que invariavelmente colocam mais petistas na fogueira da corrupção. A afirmação é inverídica. Quem investiga os malfeitos protagonizados pelos petistas e outros aliados na roubalheira são o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal, investida de prerrogativas constitucionais. O governo central vai sempre a reboque das más notícias.

Tudo o que PT e aliados não querem é a abertura das diversas caixas de Pandora representadas pelos múltiplos esquemas profissionais de roubalheira. As investigações só acontecem, aliás, porque os partidos cleptomaníacos não conseguem, como gostariam, controlar a Justiça, o MP e a imprensa.

Até aqui, o ‘saneamento’ das instituições tem demonstrado que basta apontar a lente para algum ponto da máquina pública para encontrar os ladrões ocupantes de cargos de confiança e evidenciar sinais da rapina da qual são encarregados por delegação publicada no Diário Oficial. Com a chancela presidencial.

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A Presidente tem, no entanto, uma chance de demonstrar que o que diz é verdade e reflete seu ânimo político. A ela, que se julga dona de todos os Poderes, cairia muito bem a iniciativa de ampliar o foco e iniciar uma faxina verdadeira e substanciosa por conta própria, sem esperar pelas más notícias que certamente sairão de órgãos como as estatais do setor de energia e outros grandes contratadores de serviços. É fixar a lente e enxergar a roubalheira.

O caminho para isso já foi dado pelos próprios barnabés da corrupção. Dirijam a lente expedita da Justiça para Itaipu, onde é nítida a ascendência dos malversadores de dinheiro público. Depois foquem as agências, especialmente a ANTT, que foi loteada para homens como o espírito público do futuro ex-senador (graças a Deus!) Gim Argello, o amigão do peito de Dilma Rousseff.

Apropriar-se de conquistas que não são suas não vai fazer da Presidente a protagonista do processo. Repetir frases vazias como a de que é o governo quem patrocina a descoberta dos múltiplos esquemas não serve para nada. Com metade de seus indicados  potencialmente enrolada nos escândalos que já são conhecidos, até a reputação da próprio Dilma, que todos reconhecem ser pessoalmente honesta (o que aliás não diz quase nada, uma vez que preside um governo de larápios) corre o risco de ser enlameada. Muito ruim para quem entrou como faxineira, mas não consegue enxergar as toneladas de resíduos tóxicos da corrupção que estão diante de seu próprio nariz.

O processo que o juiz Sérgio Moro iniciou no Brasil pode desaguar em algo como a Operação Mãos Limpas, que investigou mais de cinco mil pessoas e conseguiu condenar um terço dos réus. E que, entre outros, teve o mérito de acabar com TODOS os partidos políticos italianos, igualados no lodo pela prática nefasta da tunga sistemática.

Talvez seja mesmo a oportunidade de começar o processo de depuração mandando para o lixo o que ao lixo pertence. Se os partidos foram transformados em aves de rapina pelo patrimonialismo descarado dos petistas e associados, à breca com o PT, PMDB, PP, PSDB e toda a caterva reunida sob siglas que começam com a letra P, de propina. Está mais do que claro que essas agremiações se especializaram no crime organizado, que está rapidamente transformando todos eles em gigantescas quadrilhas de assaltantes da Viúva.

BESTA e MST se juntam para pregar o golpe

Cortaram os neurolépticos da ração da BESTA (Blogosfera Estatal) ? Acabou o suprimento de Carbolitium ? A teoria da conspiração agora é a conspiração da teoria. Até o Tóffoli — coitado! — virou agente do golpe tucano-coxinhista. Vai para o Gullag quando essa antevisão do inferno se concretizar. E em conluio com quem ? Gilmar Mendes!!!!! Pelamordedeus!!!!!!

O golpe da BESTA: terror do MST para alimentar manches terroristas da petralhada.
O golpe da BESTA: terror do MST para alimentar manches terroristas da petralhada.

Veja só o clima que essa galera pretende criar. Fica cada dia mais evidente que a democracia, para os mercenários midiáticos da BESTA, é apenas uma tática. Que se suprime caso os donos da bola percebam qualquer ameaça de ter  sua malfeitoria desvendada.

O que eles fazem é ameaçar o País para tentar fazer parar as investigações na PETROBRAS. Estão usando o terror para assustar as pessoas. Antes que os vazamentos resvalem neles próprios mais do que já resvalaram. E que seus chefes  se defrontem com a perspectiva do impedimento — não pelas mãos da conexão Mendes-Tóffli, mas ao cabo de um processo cujo conteúdo probatório vem sendo impecavelmente construído pelo juiz Moro .

Nada ameaça mais a democracia do que esses terroristas midiáticos. Para nossa sorte — nossa, dos demais brasileiros, aqueles que têm que trabalhar honestamente para sobreviver — são meia dúzia e não têm a menor credibilidade. Se fossem mais numerosos e menos apegados ao jabaculê, talvez fossem motivo de preocupação. Mas não são. A democracia brasileira vai sobreviver, ainda que o País tenha que enfrentar de novo o processo que já culminou com a deposição de Collor.

 

O que está acontecendo com a água no Sudeste

Se você está assustado com a situação do abastecimento de água de beber em São Paulo, prepare seu espírito para as más notícias que começam a chegar do sistema elétrico brasileiro. O País já não está mais à beira — está vivendo um grande colapso das reservas hídricas que deveriam assegurar a geração e distribuição de energia elétrica.

Ilha Solteira: Eleição levou o nível ao zero absoluto
Ilha Solteira: Eleição levou o nível ao zero absoluto

O que provocou isso ? A falta de chuva certamente contribuiu para que a situação chegasse onde chegou. Mas o que definiu mesmo o cenário foi a manipulação das reservas hídricas com finalidade eleitoral. Para não suscitar o debate sobre a adoção de um necessário e urgente racionamento em ano de eleição, os governantes sangraram os reservatórios muito além do limite da responsabilidade. Senão, veja o que se passa no sistema.

Ilha Solteira é a terceira maior usina hidrelétrica brasileira. Tem capacidade instalada para gerar 3,44 mwh, quase cinco por cento da energia elétrica consumida no País. É gêmea siamesa de outra usina, Três Irmãos, à qual está umbilicalmente vinculada pelo Canal de Pereira Barreto, que interliga as duas represas. Tudo o que acontece com uma, acontece com a outra.

Foi por isso que ambas atingiram juntas o fundo do poço na crise hídrica atual. A reserva dos dois lagos chegou a zero, afetando de maneira mortal a geração. E não apenas isso: Graças à baixa recorde do nível de seu reservatório, Três Irmãos paralisou completamente o tráfego de barcaças ao longo da hidrovia Tietê Paraná. Quase seis milhões de toneladas ao ano deixaram de circular, levando municípios como São Simão (GO) e Pederneiras (SP) a um passo da falência.

No arrasto do colapso desses reservatórios, outras hidrelétricas brasileiras dão sinais de exaustão. Três Marias, próximo à nascente do Rio São Francisco, está se exaurindo dia a dia. Pela primeira vez na história seu nível tangencia 2% da reserva operacional. Se baixar mais 60 centímetros, a única das seis turbinas que ainda geram energia terá que ser desligada para evitar a cavitação. É a abrasão provocada pela entrada de ar no circuito de geração que pode danificar a turbina.

O lago de Furnas, no Sul de Minas, também se encontra exaurido. Está com 11,29% de sua reserva. Apesar do retorno da estação das chuvas, o reservatório ainda perde duas vezes mais água do que ganha. De acordo com o ONS, para cada 124 metros cúbicos de água que entram no lago, 280 escorrem pelas turbinas. Isso afeta um dos papéis mais importantes do imenso lago de Furnas: o de assegurar o fluxo de água para os reservatórios que ficam à jusante (rio abaixo). A grande caixa d’água do Sudeste está secando.

O mesmo papel é exercido pelo reservatório da hidrelétrica de São Simão, na divisa entre Goiás e o Triângulo Mineiro. Da mesma forma, a falta de água ameaça a segurança hídrica dos reservatórios que se situam ao longo da bacia do Rio Paraná, a começar pela exangue Ilha Solteira. As chuvas da última semana permitiram uma pequena recomposição das reservas, que passaram de cerca de 8% para pouco mais de 12%. O problema é que a afluência (volume de água que entra no lago), de 1005 metros cúbicos por segundo, ainda é menor a defluência (volume de água que deixa o lago), hoje em 1113 m3/s.

O que falta é governo

Erra quem atribui a culpa pela situação atual à meteorologia imponderável e a problemas climáticos localizados entre o Sudeste e o Centro Oeste brasileiros. A coisa só chegou onde chegou porque o ONS, o Operador Nacional do SIstema Elétrico, atuou com prodigalidade ao permitir o sangramento das reservas sem adotar nenhuma medida de contenção. O governo contava com a ocorrência das chuvas antes da volta dos apagões, que podem acontecer a qualquer momento por causa da redução da confiabilidade do sistema.

Os lagos exauridos desempenharam bem a tarefa de cabos eleitorais. Trouxeram o País até as eleições sem grandes problemas evidentes. Para conseguir esse intento, o ONS exauriu os reservatório. Atuou como o apostador que, diante de golpes sucessivos de azar, vai dobrando a aposta até perder tudo o que tem. O que se perdeu é muito importante e caro a um Brasil de tantos gargalos estruturais: a segurança elétrica, dada pelo estoque de água armazenada nos lagos da hidrelétricas.

Uma pedra no caminho das chatas

A eclusa de Buritama: Chegar até aqui é coisa para os pequenos. Somente eles.
A eclusa de Buritama: Chegar até aqui é coisa para os pequenos. Somente eles.

Os rios Grande, Paranaíba e Paraná formam a bateria que faz girar a roda da economia brasileira. Eles são os responsáveis por cerca de 70% da eletricidade produzida no País. Mas sua importância não pode ser medida apenas em megawatts/hora de energia elétrica, pois seu papel na economia é muito maior.

Tome-se o que acontece na bacia do Tietê, rio que desagua no Paraná logo abaixo do vertedouro de Ilha Solteira. Nele há quatro hidrelétricas de porte médio. Elas asseguram o nível ao longo da bacia e a navegabilidade de barcos de grande capacidade de carga. Pela hidrovia passam — ou passavam — quase seis milhões de toneladas de carga por ano. Quase toda a soja produzida em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul chegava ao Porto de Santos por meio dessa hidrovia.

Os grão eram embarcados preferencialmente em São Simão (GO), onde um terminal intermodal recebia cerca de 8% das commodities produzidas pelo agronegócio. Em Pederneiras (SP), as cargas eram transpostas para um ferrovia. A mercadoria desembarcava então nos porões dos navios transoceânicos atracados no Porto de Santos.

Mas o colapso técnico nas represas do Tietê (os três principais reservatório estão com sua reserva hídrica zerada) acabou interditando o tráfego das barcaças pela hidrovia em maio passado. Em função disso, há mais de meio ano os armazéns graneleiros goianos e o porto intermodal de Pederneiras não movem uma tonelada de carga sequer.

A interdição ocorre próximo à barragem de Promissão, em Buritama, bem no meio do caminho entre Pereira Barreto, na foz do Tietê, e Pederneiras, o ponto final da hidrovia. Com o nível do reservatório de Três irmãos ao rés-do-fundo, as barcaças não conseguem aceder à eclusa por causa do leito pedregoso e raso.

O problema é tão antigo quanto a própria hidrovia. O governo de São Paulo prometeu, meses atrás, contratar uma empreiteira e dinamitar uma estrutura rochosa, aprofundando o leito, o que tornaria a navegação perene. Mas a promessa caiu no esquecimento. O governo estadual continua dando desculpas evasivas para algo que não tem resposta: a inação que poderia ter evitado a interrupção do tráfego de chatas de grande porte.

O mundo ao contrário

Estou adorando acompanhar os primeiros movimentos do governo após as eleições. Dilma Rousseff está exuberante em seu papel de Aécio Neves. Afinal, quem, segundo ela própria, iria aumentar juros, cortar gastos, corrigir tarifas e reduzir subsídios dos bancos públicos ?

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Não estou criticando. Acho que a Presidente está sendo racional. Mas, se a ideia era fazer um governo tucano, por que tanto empenho em ganhar as eleições ? Não seria a mesma coisa se o resultado das urnas fosse outro ?

 

 

Ao vencedor, as batatas

É o que diria o velho Rubião aos atores da renhida eleição que se encerrou ontem: “Ao vencedor, as batatas!”.

Dilma Rousseff é a presidente de todos os brasileiros — inclusive dos 48,36%  que não votaram nela.

Desejo-lhe mais sorte do que teve no primeiro mandato, visto que ela mesma reconhece que precisa mudar muita coisa para tornar seu governo melhor.

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Gostaria de desejar-lhe boa sorte especialmente no combate à corrupção. Se as promessas não forem apenas um conjunto vazios de bordões eleitorais, a nossa presidente vai ter que decepar a cabeça de muitos amigos e companheiros de longa data. Pois que ela tenha a força moral necessária para fazê-lo.

E conte conosco para ajudá-la em sua tarefa. Os que como eu não toleram roubalheira, corrupção, improbidade, estarão aqui vigilantes, prontos para apoiá-la nessa ação saneadora, oferecendo-lhe dados e argumentos para que ela possa agir conforme disse agiria.

Lembro que o personagem de Quincas Borba, em sua peroração ‘humanitista’, não se esqueceu dos derrotados na luta pelo campo de batatas:

Aos vencidos, compaixão!

 

Por favor, não falem mal da Dilma para mim

O apequenar-se ao longo do tempo parece ser um fenômeno inexorável quando o foco da história recai sobre a trajetória dos últimos presidentes brasileiros. No fim do governo Sarney, costumava-se dizer que nem os garçons serviam mais o cafezinho no terceiro andar do Palácio do Planalto de tanto que Sarney se apequenou nos seus últimos dois anos de mandato.

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Collor apequenou-se desde pequeno, porque sempre foi um nanico em vários aspectos — especialmente no moral e no ético. Apequenou-se, ou foi apequenado ao máximo, ao ser impedido de continuar a governar o País que vinha presidindo enquanto seu amigo PC Farias recolhia o butim.

Fernando Henrique Cardoso apequenou-se ao final de seu primeiro mandato para conquistar o direito de se eleger novamente. E depois de combater bravamente a inflação, apequenou-se ao tentar infundir o terror para impedir a inevitável eleição de Lula, criando a técnica que hoje os petistas aplicam contra Marina Silva.

Lula foi o rei do apequenamento. Quase sumiu no Mensalão, ao final de seu primeiro mandato, e continuou se apequenando a cada bobagem que produzia para o deleite dos sátiros e da comunidade internacional.

Enquanto as contradições de natureza moral — e judicial — assolavam seu governo, Lula foi se apequenando em seu silêncio cúmplice, condição que o impediu de condenar abertamente ou defender veementemente os colegas que desafortunadamente seu método de governar acabou colocando na cadeia.

No plano da nossa diplomacia, seguiu se apequenando aos golinhos, entre uma medida risível e um ou outro discurso recheado de falastronices. Sua soberba o levou a equívocos que fizeram o mundo se dobrar diante dele —  às gargalhadas!

Lula emprestou a embaixada brasileira em Tegucigalpa para que o fanfarrão Manuel Zelaya criasse o embrião de um governo paralelo e tentasse golpear a decisão constitucional do Congresso e do Judiciário de mandá-lo para o degredo. Zelaya era um dos mais notórios corruptos centro-americanos. Caiu porque tentou golpear a Constituição.

Malsucedido o intento, Lula saiu pelo mundo propondo a árabes e judeus que fizessem as pazes, selando com um brinde  de cachaça brasileira o fim das hostilidades de dois milênios e tanto. Também defendeu Mahmoud Ahmadinejad quando todo o planeta condenava as tentativas declaradas dos radicais iranianos de obter a bomba nuclear com a qual ameaçavam explodir o Estado de Israel.

Entregou de mão beijada uma refinaria da PETROBRAS a Evo Morales, que a havia expropriado. Aliás, os petistas são muito generosos quando tratam de refinarias da PETROBRAS.

Só porque Dilma Rousseff falou aquela enorme quantidade de bobagens na ONU, no meeting do clima, e porque usou a tribuna da Organização das Nações Unidas para fazer propaganda eleitoral, isso não significa que ela seja pior do que ninguém — especialmente daqueles que ela tem como seus gurus. Em essência, não se pode dizer que Dilma seja pior do que Lula, nem maior, nem menor. Para quem era apenas um poste, ela até que se saiu bem nos últimos dias. Ela apenas é pequena, mínima, como sempre foi, desde a sua origem postiça como candidata à Presidência da República.

Portanto, relativizem e deem um pouco de tranquilidade para a nossa querida presidente concluir seus afazeres em Brasília. Ela não é pior do que Lula, nem do que nenhum de seus antecessores. É apenas mais do mesmo, com a desvantagem de que não demonstra nenhum talento para a gestão da economia e não tem nenhum gosto pela arte da política (a companheirada fica raivosa quando digo que talento para gerir a economia petista é ter coragem de nomear um tucano para presidir o Banco Central).

Isto posto, é bom relembrar o velho e assertivo Barão de Itararé. Ele dizia que “donde nada se espera, daí é que não sai nada mesmo!”.

Fique tranquilo, Dilma não estatizou a imprensa

Não é função de presidente da República dizer o que a imprensa tem ou não tem que fazer. Afinal, vivemos em uma democracia e a liberdade de imprensa é cláusula pétrea da Constituição da República. Essa não é uma garantia para a mídia, ou para os ‘da mídia’. É um uma garantia que o Estado dá ao cidadão de que ele será informado de tudo. Inclusive de arroubos autoritários como esse  último de Dilma Rousseff, que não quer que jornalistas investiguem.

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Investiguem o que ?  A roubalheira instalada no governo, na Petrobras, onde a propina milionária corria solta. São coisas que os partidos da base aliada não gostam de ver publicadas por sua crônica condição de protagonistas da malfeitoria. Se não fosse pelos jornais e revistas, a presidente jamais teia tomado ciência do que se passa no seu próprio quintal. Em vez de se irritar, ela deveria agradecer a esses veículos por terem tornado acessível a informação que ela própria desconhecia.

Se a imprensa não tivesse por função investigar, como quer a nossa presidente, Watergate jamais teria ocorrido. Nixon não teria renunciado. Collor não teria sido cassado. A cúpula do PT também não teria sido recolhida ao xilindró.

Como se vê por esses poucos exemplos, quando a imprensa investiga, a sociedade purga o que está errado e avança. É assim mesmo que tem que ser. É bom para o processo político e para a história, ainda que seja muito ruim para agremiações como as que dão sustentação e suporte ao projeto político do atual governo.

A antipatia dos governantes pela imprensa é tão antiga quanto a própria imprensa. A vontade explícita de delimitar o espaço de atuação da imprensa não  constitui nenhuma novidade. Mas a obsessão lulopetista pelo controle dos conteúdos, que eles chamam de ‘controle social’ ou ‘democratização’ da mídia, chega a ser doentia.

É preciso ressaltar aqui que, em relação à liberdade de imprensa, a presidente, apesar de seu arroubo de agora, cumpriu o que disse que faria. Eu mesmo a entrevistei dois dias depois de eleita. Perguntei o que ela faria com as pressões que brotavam do PT pela adoção de mecanismos de controle de conteúdo jornalístico. Ela afirmou que em seu governo ninguém iria criar nenhum embaraço à liberdade de expressão.

Tem sido assim desde então.