Bastou a quadrilha mensaleira baixar o xilindró, em outubro passado, para as coisas começarem a se degenerar no presídio da Papuda, em Brasília. A presença da caterva petista aumentou enormemente a entropia dentro da cadeia, a ponto de ser necessária a intervenção da Vara das Execuções para fazer amainar o clima de festa partidária.
Os sinais do que iria acontecer começaram muito antes da ‘internação’ da quadrilha (desculpe aí se ofendo seus amigos, ministro Barroso!). O carcereiro-mór, o governador Agnello Queiroz, mandou construir uma ala nova para receber seus companheiros.
Logo na primeira semana após a consecução das prisões, mulheres dos outros presos passaram a reclamar dos muitos privilégios concedidos aos meliantes do PT: Visitas em horários e dias inapropriados, filas furadas na cara dura, convescotes sindicais, festas políticas e as muitas tentativas de alguns dos presidiários de engabelar a Justiça, caso notório de José Genoíno e suas crises cardíacas que jamais se confirmaram em sucessivas maratonas hospitalares.
Com a mesma naturalidade com que afrontaram as leis penais e a moralidade pública quando soltos, os petistas passaram a afrontar as regras — inclusive a etiqueta — que regem o sistema penitenciário. José Dirceu chegou a ter suspensa a discussão de privilégios acertados com um advogado de Brasília visando a uma sinecura em seu escritório por supostamente ter falado por celular com um amigo de dentro da Papuda. E tudo isso depois da pantomima em que se transformou a primeira oferta de trabalho, feita por um hotel que pertencia a um fantasma panamenho (por que será que tudo o que acontece com essa turma é sempre tão torto e complicado ?). A propósito, a quem mesmo esse fantasma representava na sociedade do Hotel Nacional ?
Até a CUT, outrora tão altiva, acabou por reduzir-se ao papel de agência de emprego de bandido ao oferecer trabalho para que Delúbio Soares, o mais encrencado dos comissários petistas, pudesse transpor as ameias da Papuda. Deve ser fácil para uma central sindical que não preza a própria história. Afinal, o dinheiro que vai sustentar essa aberração sai do bolso do trabalhador para o governo federal, que o repassa então à central.
Dois diretores da Papuda já caíram. Os privilégios aos petistas, que jamais foram contidos, agora ameaçam a estabilidade do próprio sistema. Fala-se abertamente em rebelião. O ministro Marco Aurélio de Mello lembrou que um presídio é um caldeirão. O aumento da entropia provocado pela insolência dos réus do Mensalão ameaça agora a paz social, não apenas as finanças do Estado.
A rigor, não pode haver surpresa no que está acontecendo. Onde há um mensaleiro, há confusão. Não foi exatamente isso o que aconteceu quando eles chegaram ao Poder ? Foi dali, do alto da presidência, que eles montaram um esquema para conspirar contra a República, subornar parlamentares corruptos e corromper as relações institucionais com o parlamento. O aumento da entropia os persegue onde quer que eles estejam. Pela razão clara e cristalina de que são eles — Zé Dirceu, Delúbio, Genoíno etc — a força motriz por trás da implacável Segunda Lei da Termodinâmica petista.
A despeito disso tudo, o STF dos ministros Barroso e Teori se prepara para aliviar o sofrimento e encurtar a permanência dos criminosos mensaleiros nas malhas do sistema penitenciário, desmoralizando o primeiro julgamento. Todo mundo sabe que os dois meritíssimos juízes — e não só eles — estão ali para isso, e é exatamente isso o que vão fazer: impedir o Estado de punir essa quadrilha pelo crime de formação de quadrilha.
Isso pode não ser bom para o País, mas vai ser bom para cerca de 5 mil brasileiros: os que não pertencem à facção partidária dos mensaleiros e querem paz para seguir cumprindo suas penas.