A lei que São Paulo jogou fora e as mortes que isso provocou

O que foi feito das blitze da Lei Seca em São Paulo ? Elas simplesmente desapareceram, fazendo com que o número de acidentes, mortos e feridos nas rodovias crescesse vertiginosamente nos últimos meses. E por que isso está acontecendo ? A resposta é bem simples: é graças à desastrosa política de segurança pública do governador Geraldo Alckmin, que simplesmente jogou fora um instrumento cujo advento representou uma conquista de anos para o cidadão brasileiro, a lei que pune severamente a condução de veículos por motoristas embriagados.

As estatísticas divulgadas hoje deixam claro: com menos blitze, ou com blitze quase inexistentes, os motoristas se sentiram à vontade para voltar a dirigir bêbados. E voltaram a matar. Os números não deixam dúvidas. Este carnaval foi uma carnificina. Não havia tantos mortos em acidentes desde 2010. Pelo menos 37 pessoas perderam a vida no alalaô do trânsito liberado para os beberrões — um terço a mais do que no ano passado.

A Polícia Militar tenta engabelar os cidadãos atribuindo a culpa por esse aumento vertiginoso à imprudência dos atropelados e à vulnerabilidade dos motociclistas. Antes de formular essa desculpa estapafúrdia, que culpa as vítimas por sua própria desídia, a PM e a SSP deveriam ter em conta que o cidadão, que não é tão opaco mentalmente como pretende o governo tucano, percebe com nitidez a falta das operações. Pense bem: quanta vezes você, que vive na cidade de São Paulo, foi parado em uma blitz e obrigado a soprar o bafômetro no ano passado ? 

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 Agora veja a foto aí em cima. Ela mostra um quadro que o carioca — note bem, o carioca — conhece muito bem. As blitze da Lei Seca no Rio de Janeiro mantêm a mesma frequência de antes. São feitas com estardalhaço. Onde há uma blitz há balões iluminados, barracas e uma grande exposição do logotipo que caracteriza esse tipo de ação. Tudo feito para que o motorista saiba que não vai ficar impune caso seja flagrado dirigindo embriagado. Diferentemente do quadro verificado em São Paulo, no Rio as autoridades não precisam ficar culpando os mortos pelos acidentes de que foram vítimas para justificar sua inação. Elas simplesmente agem — enquanto os subordinados de Alckmin cochilam. Uma vergonha para o estado mais rico da federação. 

A política de segurança pública sempre foi o calcanhar de Aquiles do governo Alckmin. Truculento demais em alguns momentos, tíbio e fraco na maioria dos demais, o governador, com sua sucessão de erros, já provocou a reversão de alguns indicadores que seus antecessores fizeram despencar com racionalidade e muito trabalho no passado. Se há algo que o paulistano médio deve a esse governo é justamente a sensação de insegurança que o aumento da criminalidade — evidente demais para não ser percebido — provoca em todas as camadas da população.

A inépcia do governo custa caríssimo à população. Estamos falando de vidas humanas que, como demostrou o entusiasmo com os primeiros resultados produzidos pela Lei Seca, deixam de se perder quando há uma fiscalização efetiva. A incúria das autoridades repercute de maneira funesta na vida das pessoas. Não há como não inferir que a redução do número de operações (foram 227 em 2012 contra apenas 70 no ano passado) não tenha relação direta com o aumento do número de acidentes e de vítimas. 

O governador do estado já deveria ter aprendido a calibrar suas ações na área de segurança. Mas, pelo que revelam as estatísticas (das causas e dos efeitos), ou não aprendeu, ou carece de competência para tratar do problema. Talvez lhe falte ainda uma lição: a que o eleitor ministra na urna, no momento de sufragar o nome daquele que vai gerir seu destino.