Quero dar meus pêsames à família do Santiago Andrade. Tive o prazer de trabalhar com ele algumas vezes e sei que era um companheiro muito querido e respeitado. Todos os meus colegas aqui no Rio de Janeiro estão consternados com a tragédia que o abateu. Muito tristes mesmo com sua perda precoce.
A tragédia era favas contadas. Desde meados de junho, quando os mascarados surgiram e passaram a sequestrar manifestações de protesto de terceiros, os sentimentos que nutrem pelos jornalistas só encontram paralelo no ódio que eles devotam à polícia.
Carros de reportagem foram virados e queimados. Repórteres foram cercados e intimidados fisicamente. Isso aconteceu comigo mesmo no dia 30 de junho. Jogaram vinagre nos olhos da doce Rita Lisauskas para sabotar uma entrada ao vivo. Expulsaram o Caco Barcellos de uma praça pública. Depredaram a Globo. Fizeram o diabo.
Agora, morreu o Santiago. Mataram o Santiago.
Os balck bloc produziram a primeira vítima fatal da guerra que tanto desejaram. A guerra que os fez repetir exaustivamente o mantra moral pusilânime de que “não pode haver revolução sem vítimas”.
E agora, o que vão fazer com isso ?
Não vão fazer nada além de produzir órfãos e tristeza. E delinquência comum, chula, irresponsável, banal.
Para quem se pretendia herói até a semana passada, não deve haver pejo pior do que o rótulo de assassino.
Caro Fábio
Vou aproveitar a oportunidade e me comunicar com você através do seu Blog. Lamento muito a perda de um seu colega, vítima de “manifestantes”. Digo manifestantes pois os Black Bloks, e outros Bloks de que se inserem nesses grupos supostamente pacíficos, não são por eles rejeitados, pois o objetivo de todos é “causar”, seja la o que for.São, em sua maioria, rebeldes sem causa e anarquistas contra qualquer coisa que possa significar Ordem ou Lei. O inimigos são os seus mantenedores. Polícia é palavrão. Polícia é para ser combatida. E isto me parece não ser apenas a intenção de alguns grupos. Isto também me parece ser o sentimento de muitos jornalistas, que, em busca de notícias e para não ficar mal na foto, colocam em um mesmo plano, a ação de vândalos ou de criminosos, as ações de quem busca manter a ordem, proteger a propriedade pública ou privada o direito dos demais cidadãos de transitar livremente pelas ruas, de ir e vir de seu trabalho…
Não é esta a “democracia” que queremos. Queremos no mínimo o respeito às instituições Se a Representativa na atende aos anseios de sua população, nós mesmos somos os culpados, por termos eleito os nossos representantes por migalhas que nos são oferecidas.
Abraços
Luiz Carlos