Atenção black blocs: a mídia vai pegar vocês!

bbcarro

O texto aí embaixo foi copiado da página black bloc no Rio de Janeiro. O que ele afirma é grave e sintomático: os degenerados mascarados definitivamente elegeram a ‘mídia’ como o inimigo a ser combatido. A mensagem nem precisava ser tão contundente. O assassinato de Santiago Andrade fala muito mais alto, posto que o objetivo é estabelecer a tática (o combate aos jornalistas) e difundir o terror.

O ânimo entre os da ‘mídia’ com quem os black bloc têm  contato físico —  os repórteres, cinegrafistas e fotógrafos — não poderia ser pior. Na porta da delegacia de São Cistóvão, no Rio de Janeiro, de onde os mascarados não  ousam se aproximar há 72 horas, profissionais da imprensa se dizem dispostos a aceitar provocações e devolver as ofensas agravadas.

Foi assim quando uma imbecil conhecida como Sininho apareceu com dois outros beócios para chamar os repórteres de “carniceiros” e ameaçá-los de morte. O animal que fez as ameaças, um desocupado chamado Ian, foi devidamente repelido por um cinegrafista da Band, que deu-lhe com a câmera na cabeça.

Ontem, terça-feira, houve pelo menos dois episódios que quase geraram atritos físicos. Ambos aconteceram porque os repórteres desconfiaram de elementos estranhos ao time da ‘mídia’ que fotografavam os colegas. Os cinegrafistas e fotógrafos se juntaram e repeliram os estranhos, mandando-os para o outro lado da calçada. Ninguém se opôs a isso que, a rigor, é também um ato de força.

Em suma, os repórteres se cansaram de apanhar. O que muda radicalmente a disposição de não reagir e a orientação de se esquivar das provocações. Temo que os jornalistas, quando estiverem agrupados, tendam a agir exatamente como agem os mascarados caso venham a ser acuados. A morte de Santiago demarcou o fim de uma curta era: aquela em que os black bloc promoviam cenas de barbárie para a imprensa registrar e de quebra ainda ainda batiam nos profissionais escalados para a cobertura.

Não concordo com o uso da violência, mas compreendo as razões que levaram meus colegas à exasperação. Tristes com a morte de um companheiro querido e admirado,  entenderam finalmente que a eliminação física dos jornalistas é efetivamente o que deseja essa agremiação fascista que tapa o rosto para ir às ruas. Agora, estão dispostos a se defender para não perecer, como ocorreu com Santiago.

Não vai adiantar nada sair por aí espancando black blocs. Nós, jornalistas, não fomos treinados para o vale-tudo que transformou ruas em octógonos e jovens altivos em protótipos de terroristas desesperançados. Nossa arma é muito mais poderosa e eloquente dos que os músculos, os socos-ingleses, as pedras e os porretes. Temos nossas canetas, as câmeras e as máquinas fotográficas.

E, para o desespero dos nossos inimigos autoproclamados, o ‘sistema’ está do nosso lado. Temos as leis, a Justiça e, em último caso, também a polícia para defender a nossa integridade, embora isso nem sempre fique evidente. Temos o Ministério Público, os juízes e os delegados de polícia. Somos os representantes da ‘ordem’ no processo entrópico que o niilismo dos mascarados pretende instaurar.

Foi graças a essas armas — câmeras, principalmente — que a ‘mídia’ conseguiu, em tempo recorde, identificar e botar atrás das grades os dois assassinos de Santiago Andrade. Não foi preciso disparar um rojão, assassinar alguém, atirar uma pedra sequer para neutralizar os covardes. O Estado movimentou sua máquina.

E assim será em cada caso, cada agressão.  A cada pancada, a cada ato de coação, lá estaremos nós com as nossas lentes e canetas. Vamos denunciar a violência dos black bloc com o mesmo rigor que denunciamos a violência policial. É o nosso papel que nos protege, não nossa força física. Nós, jornalistas, somos o sistema, para o desespero dos que pretendem nos eliminar.

Vamos pegar os black blocs.

Com as nossas armas, não com as deles.

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