ANVISA vai autorizar prescrição e uso de maconha medicinal no Brasil

A ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vai finalmente permitir o uso de medicamentos derivados na maconha no Brasil. A decisão foi anunciada ontem aos pais e advogados da paciente Anny Fischer, de quatro anos de idade, que utiliza o cannabidiol (CBD), um dos 60 canabinóides contidos na maconha, para controlar uma forma rara de epilepsia que provocava mais de 60 convulsões semanais.

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“A Anvisa elaborou um protocolo novo que irá regulamentar a importação do medicamento [CBD], nos casos específicos e bem fundamentados como o da família Fischer”, contou em seu perfil no Facebook o advogado Diogo Busse, que representou a família de Anny no pleito judicial histórico que terminou por obrigar a ANVISA a autorizar a importação do medicamento.

A agência, segundo o advogado, decidiu ir  além: “irá oficiar o Conselho Federal de Medicina com a nova orientação para que os médicos possam prescrever o medicamento sem receio”. Ou seja: na prática, os médicos ficarão livres para receitar produtos derivados da maconha para pacientes que deles necessitem. 

“Percebemos que com essa medida que visava tutelar o bem mais precioso dessa família, a vida da Anny, conseguimos também sensibilizar a agência reguladora do nosso país para que muitas outras famílias possam se beneficiar dos avanços da ciência!”, comemorou Diogo Busse.

A luta dos pacientes pelos medicamentos de maconha

Pacientes brasileiros de esclerose múltipla, formas graves de epilepsia, portadores de câncer em quimioterapia, de glaucoma e pessoas que sofrem de dores miálgicas  travam uma luta contra o preconceito secular para ter acesso a medicamentos produzidos a partir da cannabis que já são utilizados em praticamente todo o mundo.

Tratamentos com derivados da maconha, especialmente o cannabidiol (CBD), têm demonstrado inequívoca eficiência no controle dessas doenças e na mitigação de sintomas como as dores de origem nervosa. Apesar disso, apenas uma paciente brasileira, uma criança chamada Anny, de Brasília, conseguiu até agora obter autorização judicial para usar legalmente o CBD. De acordo com a família de Anny, a administração da droga reduziu de 60 para zero o número de convulsões que a criança sofria.

A reportagem exibida nesta terça-feira pelo Jornal da Band coloca em discussão a proibição que ainda impede os brasileiros de fazer uso dos benefícios dessa planta, que permanece classificada pela ANVISA como droga deletéria, comparável à heroína, e sem interesse científico — o que, na prática, impossibilita ou dificulta ao máximo as pesquisas médico-farmacológicas dos canabinóides.

DhaliaNesse capítulo da série você vai conhecer a luta de Dhalia, 3 anos (foto à esquerda), para vencer um tumor cerebral. Para conseguir fazer o tratamento, a família se mudou de Tampa, na Flórida, para Peyton, a 150 de Denver, no Colorado. E vários outros personagens brasileiros que, para fazer seus tratamentos, precisam ir às biqueiras e bocas-de-fumo para comprar a erva de traficantes.

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