Dilma e o jogral do Itaquerão

Quero dar um palpite nessa história da vaia à presidente Dilma. 

Foi muito feio ouvir aqueles palavrões. Não sou moralista, muito menos pudico. Mas acho que uma boa vaia teria sido suficiente e razoável. O mundo todo iria entender. Mais do que isso é apenas excesso,  falta de educação, civilidade e civismo.

eidilma

Mas também não vou embarcar nessa campanha dos blogs pagos para tentar vitimizar a presidente e tirar alguma vantagem eleitoral. Pelo simples fato de que não há proveito possível nesse episódio.

Apesar do linguajar grosseiro,  há que se considerar o ‘locus’ do fato, um estádio de futebol. É evidente que ele está contaminado pelo jargão das torcidas. Os estádios, aliás, se transformaram em fontes importante de bordões políticos no último ano. Neles, os manifestantes de junho de 2013 foram buscar as palavras de ordem para animara os protestos. Muitos dos corinhos eram apenas palavrões cadenciados em sequência.

Voltando ao ponto. Foi feio o que fizeram com a presidente ? Foi. Grosseiro demais. Desnecessário.

Mas também não foi o chute na santa que estão querendo pintar na ala mercenária da internet. Longe disso. Foi uma manifestação política. Tosca, mas foi. Grosseira. Aposto que ninguém ficou pensando naquele órgãozinho do sistema excretor quando ouviu o jogral do Itaquerão. Na essência, aquilo foi um ato político, ainda que escatologicamente embalado.

Está na cara que algo não está funcionando bem na estratégia do governo. Quando em 2007 Lula trouxe a Copa para o Brasil, certamente imaginou que as câmeras mostrariam o coroamento de seu projeto de País. Três bilhões de pessoas ao redor do mundo veriam o Brasil resiliente e virtuoso, operário, sindicalista, meio bolivariano, que resiste a todas as marolas sem se deixar abater. E os pobres lindíssimos com suas motocicletas e tevês de plasma. E os índios catequizados, e os metroviários amistosos, os movimentos sociais lobotomizados e os policiais federais satisfeitíssíssimos.

Só que… foi [quase] tudo ao contrário!

Lula ficou escondido. Não foi nem ver o Brasil jogar na abertura da Copa que ele armou, na arena que ele mandou construir para seu time de devoção. E Dilma, escondida ao máximo do público por sua assessoria, mas não o suficiente, teve que pagar a conta sozinha. É justo ? 

A presidente Dilma tem razão quando diz que aí estão os aeroportos e os estádios. Estão mesmo. Os estádio estão todos os dias na televisão. Custaram uma fortuna, mas funcionaram. Não estou coonestando o rouba-mas-faz. Mas a Copa está rolando. Animadíssima. Se terá ou não o condão de fazer esquecer a roubalheira, é outra história. Espero que não.

Quanto aos aeroportos, eles realmente reduziram muito o desconforto dos passageiros. Passei por dois deles, Cumbica e Brasília. Não estão totalmente prontos, mas estão funcionando. A ampliação conseguiu evitar algo importante: até agora, pelo menos, não houve o colapso aeroportuário que os céticos davam como inevitável.

Bom, tudo isso para dizer que o público tem muitas razões para reclamar do governo da Dilma. Ela vai ficar devendo um monte de coisas, que vão da prometida faxina ética que não houve  ao crescimento ridículo da economia. Valia mesmo uma boa vaia na primeira oportunidade.Dados o lugar e as circunstâncias, vaiar, apenas vaiar, já não teria sido coisa de pouca importância.

Mais do que isso, puro exagero.